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NÓNGLÌ
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Muitos nos perguntam porque o ano novo chinês é comemorado em dia diferente e porque nunca parece ter uma data fixa. A razão dessa diferença é por causa do calendário utilizado. Os ocidentais utilizam o calendário gregoriano baseado no ciclo solar de 12 meses, para definir a data, enquanto os chineses usam o Calendário Tradicional Chinês (农历, nónglì) lunisolar, que em essência é um calendário com características do ciclo lunar e solar.

Neste calendário, o ano é dividido em 12 meses, cada um com 29 ou 30 dias, e o início do mês é definido sempre pelo primeiro dia astronômico da Lua Nova. Com isso, o ano pode ter 354 ou 355 dias no total. Para reparar a defasagem em relação ao ano tropical (das estações – ciclo solar), um mês é adicionado a cada três ou quatro anos. Por causa disso, o ano novo chinês pode ocorrer entre os dias 21 de janeiro e 20 de fevereiro do calendário ocidental, e será sempre o primeiro dia da Lua Nova.

Um ciclo completo dentro do calendário chinês leva 60 anos e é feito de 5 ciclos de doze anos cada. A contagem é feita se utilizando a combinação de duas séries conhecidas como os 10 troncos celestiais (天干; tiāngān) e os 12 ramos terrestres (地支; dìzhī ou十二支; shíèrzhī).

Os troncos celestiais são: jiǎ (甲), yǐ (乙), bǐng (丙), dīng (丁), wù (戊), jǐ (己), gēng (庚), xīn (辛), rén (壬) e guǐ (癸) e estão associados com o conceito dos Cinco Elementos (五行; wǔxíng) e do yin-yang (阴; yīn e 阳; yang).

Os ramos terrestres são compostos por: zǐ (子), chǒu (丑), yin (寅), mǎo (卯), chén (辰), sì (巳), wǔ (午), wèi (未), shēn (申), yǒu (酉), xū (戌) e hài (亥) e estão associados com os animais do zodíaco chinês

Os troncos celestiais se combinam com os ramos terrestres em seqüência, dando início a contagem do ciclo e os nomeando. Por exemplo, (1,1), (2,2)... (10,10), (1,11), (2,12)... (10,12 – fim do ciclo). O ano de 2009 será denominado de jǐchǒu (己丑).

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O Calendário Tradicional Chinês é usado na China há milênios e é considerado um dos mais antigos registros cronológicos do mundo. Segundo conta a lenda, Huáng Dì (黄帝; Imperador Amarelo) foi o inventor, por volta de 2.600 A. C.

Os chineses adotaram o calendário ocidental em 1912 por questões administrativas, mas o tradicional permanece sendo utilizado para datar os principais festivais e feriados chineses.

Em 2009 as comemorações têm início em 26 de janeiro e será celebrado o ano 4707, que está associado ao signo da vaca, dentro do Horóscopo Chinês.

SÌ ZHǑNG JÍ XIÁNG SHÉN LÍNG
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Na China, o dragão (龍; lóng), a fênix (凤凰; fèng huáng), o qílín (麒麟) e  a tartaruga (龟; guī) são considerados deidades auspiciosas e são profundamente reverenciados e respeitados. Das quatro criaturas, apenas a tartaruga é real, sendo os outros animais figuras mitológicas.

O Dragão é o maior dos animais divinos e também é o mais reverenciado pelo povo chinês. Ele é formado por diversos animais: cabeça de boi, chifres de cervo, olhos de camarão, garra de águia, corpo de serpente e rabo de leão. Seu corpo é coberto de escamas e ele pode andar na terra, nadar na água e voar nos céus e tem poderes mágicos inesgotáveis. Por milhares de anos, os monarcas tinham o dragão como símbolo de poder e dignidade. Nos tetos dos

palácios, nas roupas e móveis da família real havia sempre um dragão esculpido ou desenhado. Diferentemente da cultura ocidental, o dragão no oriente é associado a bondade e representa nobreza, divindade e poder.

Falaremos mais do dragão chinês em nosso próximo artigo.

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A Fênix é um pássaro com uma linda plumagem multicolorida e foi consagrada pelos chineses como sendo o “pássaro reinante entres as aves”. Dentre os animais divinos, a fênix é o segundo mais reverenciado pelo povo, ficando atrás apenas do dragão. Quando o dragão se tornou o símbolo do Imperador, ela passou a representar a imperatriz. Na época a sua figura esplendorosa só podia ser usada pela família real, sendo proibido o uso pelo povo. Sua imagem representa paz, bom governo, o poder real e a dignidade dos monarcas.

Atualmente a fênix e o dragão aparecem em par nas cerimônias de casamento tradicional, em: velas, nome de bolos e na ornamentação das roupas dos noivos, simbolizando a perfeita harmonia entre yin e yang que deve fundamentar a relação do casal. A fênix, neste caso, representa yīn (阴), a mulher, a terra etc. e o dragão representa yáng (阳), o homem, o céu etc.

Por gerações pessoas deram o nome da fênix para comidas, músicas e filhas, com a esperança que essas tivessem as características esplêndidas desta ave auspiciosa.

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O Qílín é uma criatura exótica que deve ser pouco conhecida no Brasil. Sua aparência é composta por vários animais: chifre de cervo, escamas de peixe, cabeça de dragão, pés de boi e rabo de boi. Ele é uma criatura sagaz, inteligente e benevolente e simboliza a paz e a prosperidade. As lendas dizem que sua dieta não inclui carne e que quando anda, nunca machuca nenhuma criatura viva, chegando a pisar na grama sem amassa. Apesar de benevolente o qílín tem a reputação de ser feroz quando encontra demônios ou pessoas más.

Existe uma crença que o qílín pode trazer um filho para um casal sem descendentes, por isso é comum ver cortes de papel ou pinturas da criatura mítica carregando um bebê.

Estátuas do qílín de pedra e bronze podem ser encontradas em diversas construções chinesas, como a Cidade Proibida (紫禁城;  zǐjinchéng) e o Palácio de Verão (颐和园; yíhé yuán)

 

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A Tartaruga é um animal que goza de uma longa vida, chegando a ter centenas de anos e por isso é considerada símbolo de longevidade e saúde. Ainda é atribuída a tartaruga a capacidade de prever o futuro e por esta razão o povo chinês a chama também de “tartaruga divina” (神龟 – shén guī).

 

Em tempos imemoriáveis, antes de uma atividade importante ser realizada, os sacerdotes colocavam os cascos das tartarugas no fogo, com diversas inscrições, e faziam adivinhações com base na interpretação das rachaduras que apareciam após a queima. Nos palácios imperiais é comum encontrar muitas esculturas deste animal, simbolizando a longevidade, brilhantismo e conhecimento do império chinês.

 

JĪNGJÙ
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A Ópera de Pequim é o estilo de drama musical mais influente na China e é considerado um tesouro nacional. Ela ganhou forma há 200 anos e se tornou popular desde então, absorvendo pontos importantes de diversas óperas locais e influenciando, por gerações, os corações chineses. 

A Ópera de Pequim é uma arte teatral que traz recitações, instrumentos musicais tradicionais, canto, dança, acrobacia, arte marcial, figurinos exóticos e maquiagens únicas, onde os sugestivos movimentos dos atores são acompanhados por  batidas ou pelas melodias dos instrumentos tradicionais chineses.  As suas histórias são baseadas nos contos populares, novelas famosas ou lendas ancestrais chinesas e por isso pode ser difícil para se entender quando não se está familiarizado com este contexto cultural.

Apesar de se chamar Ópera de Pequim, as suas origens não se encontram na capital do país, mas sim nas províncias de Anhui e Hubei. O seu nascimento aconteceu em 1790, quando as Quatros Grandes Trupes de Anhui foram para Pequim.

Este espetáculo originalmente era apresentado apenas para a família real e só mais tarde se tornou um espetáculo público, agradando a todas as classes da sociedade. Normalmente, a apresentação pública era feita ao céu aberto ou em casas de chá, com os instrumentos musicais sendo tocados bem alto, assim como o canto dos atores, para que toda a audiência pudesse ouvir. Os atores na Òpera de Pequim podem ser classificados em 4 papeis diferentes: Sheng (生), Dan (旦) , Jing (净) e Chou (丑).

 

Veremos mais sobre os principais papeis na continuação deste artigo que será publicado em breve. Aguarde.

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